quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Os Dois Lados da Barricada


Em muitas situações na vida as pessoas acabam por se encontrar em tempos diferentes, de lados opostos da barricada: São felizes / infelizes, ricos/pobres, sós/ acompanhados,  apaixonados/desiludidos, doentes/saudáveis, casados/separados, empregados/desempregados ou, no caso que aqui nos interessa, vitoriosos/derrotados.

A forma como nos adaptamos a essas mudanças, a frontalidade, honestidade e coragem com que as enfrentamos é que vão demonstrando a fibra de que cada um é feito, a capacidade de reagir perante a adversidade (ou a fortuna) e, muito especialmente, a forma como cada um é encarado pelo resto da chamada “sociedade”.
 

É antigo o ditado que diz (lá estou eu com os ditados) que é “no hospital e na prisão que se conhecem os amigos”. É verdade, é nos momentos menos bons que se vê quem verdadeiramente gosta de nós e se distingue “o trigo do joio”. Há sempre os que “querem ficar bem na fotografia” e a quem só interessa ser visto com os que são felizes, ricos, realizados vencedores – e há as pessoas realmente bem formadas que estão sempre presentes para os amigos, seja qual for a circunstancia em que eles se encontrem. Essa são as pessoas com “P” grande.

Na verdade, eu já estive dois lados da barricada em muitas circunstancias … os meus (muitos) anos de vida já me conferiram esse “estatuto”.  E acreditem que não é quando tudo está bem que se precisa de amigos … é mesmo quando as coisas estão menos bem.

Ora, na nossa equipa (cheguei ao ponto! Calma, que isto tinha que ter uma introdução!) temos meninos vindos, por exemplo, da famosa equipa das 21 vitórias consecutivas da época passada – e de outras equipas igualmente de sucesso. Mas como este é o caso que conheço melhor, é sobre este que me vou debruçar. Pois na época passada, contra todas as previsões, essa equipa fez uma época absolutamente fantástica em todos os sentidos: desportivamente, foi um sucesso! Meninos que nunca tinham estado em competição revelaram-se valores tremendos, os que já lá estavam, brilharam.
O grupo formado pelos jogadores e equipa técnica tinha um relacionamento extraordinário. E o grupo de pais… bem, nem sequer há forma de explicar que aquelas pessoas que mal se conheciam se transformaram num grupo de amigos que se continua a encontrar, que mantem um excelente relacionamento. Já não podíamos passar sem os treinos, os jogos, que eram afinal “pretextos” para horas de excelente convívio. Com isto tudo, a nossa equipa era aplaudida, falada, cumprimentada. Fica sempre bem, estar ao lado de um grupo assim…

Este ano, temos exactamente tudo igual, equipa técnica e jogadores fabulosos, pais excelentes, mas os resultados ainda não são o que se esperava… e a nossa equipa está a ser “encarada” como se fossemos uma amostra colhida numa cena de crime: tocar nos sub13”B”? só com luvas e pinça!
Lembram-se da campanha “A SIDA não se transmite pelo Abraço”? Pois tenho novidades: os maus resultados também não! Podem aproximar-se de nós, dos nossos jogadores, dos campos onde jogamos ou de qualquer coisa que nos diga respeito, que os maus resultados que para já estamos a fazer não são contagiosos! Acreditem! E um abraço sabe sempre bem, muito especialmente quando algo que desejamos não é atingido. Quanto muito, podemos contagiar com a nossa forma feliz de encarar a vida, com a nossa atitude, a raça, o querer, o esforço, o não desistir, a amizade e o companheirismo.
Na verdade, como acima foi dito, há o trigo e o joio. E há aquelas pessoas que trazemos no coração e que estão sempre presentes, sempre com uma palavra de alento e carinho, sempre com o tal “abraço” – e essas nem precisam que eu as mencione, sabem bem quem são e quanto o vosso carinho é apreciado.
 
 
Quanto aos outros, os “amigos de ocasião” que agora parecem saídos de um episodio do CSI, pensem no seguinte: Nunca ninguém viveu sempre do mesmo lado da barricada. As coisas mudam. Como é costume dizer-se no futebol, o que hoje é verdade, amanhã é mentira. Todos os anos se pensa “como vai ser a própria época?” – para mim um pensamento que deixou  de existir, uma vez que não haverá “próxima epoca”.
 
 
 Mas durante estes anos tenho sido abençoada com equipas fantásticas, cada uma à sua maneira. Equipas de pais, meninos, treinadores. Todos e cada um eu vou levar no coração. Especialmente esta deste ano, porque é a ultima, porque tem sido cada dia uma lição de força, de luta, de empenho. Nunca se esqueçam que para o próximo ano, isto poderá estar a acontecer noutra equipa qualquer … talvez a daqueles que agora acham que o abraço os pode contagiar! A vida é uma incógnita, o futuro a Deus pertence e ás vezes, Deus escreve direito por linhas tortas …
E atenção, que ninguém está “carente” por aqui! Estamos a constatar factos, porque graças a Deus temos um grupo em que nos apoiamos, abraçamos, agarramos …enfim, fazemos o que é preciso e somos felizes assim. Mas a felicidade não nos tornou cegos … nem insensíveis.  Apenas gostamos de abraços …quando eles saem do coração!
Por falar em abraços, está na altura de deixar um grande, enorme, para todos: muito especialmente para aqueles que privada ou publicamente têm dado “aquela força” que nós agradecemos. E um abraço muito apertadinho, com toda a força do mundo, para estas pessoas especiais, grandes e pequenas, que compõem a MINHA equipa, os meus queridos Sub 13”B”
 
 
Serão sempre os meus CAMPEÕES!!!
 
Até já, meus queridos, que o treino é já daqui a pouco

3 comentários:

  1. Espetaculo Susana. Eu sei do que falas ...
    Mas isto muda e quando mudar, vou gostar de ver os rabinhos entre as pernas de muitos, pacientemente cá estaremos.
    Mais uma vez Força Meninos vocês sãos os maiores.
    Estela

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  2. Boa amiga....nunca deixes de dizer aquilo que sentes, porque quem não se sente não é filho de boa gente, e haviam algumas verdades que tinha que ser ditas.
    Continua sempre assim
    Força equipa
    Beijinhos para todos
    Maria Azevedo

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  3. Nunca em “Pouco”, foi dito “Tanto …
    Parabéns Susana, por mais uma Reportagem excelente que muitos Bloguistas gostariam de Postar, mas falta a coragem.!!

    Verdade que ninguém entra em nada, para perder. Todos querem e merecem Ganhar.
    Mas como em tudo nada Vida, Ganhar e Perder, faz mesmo parte dela, temos de saber gerir emoções.
    Lidar com a fragilidade dos factos, nem sempre é fácil, mas gerir as emoções, ajuda imenso.

    As equipas, não são só constituídas pelos Atletas e seus Técnicos!!! … Desengane-se, quem assim pensar.
    Os Pais e familiares, esses, são parte integrante desse Grupo. São eles que na retaguarda, podem e devem, ajudar nesses tão indesejados momentos “maus”…
    Mas infelizmente nem sempre assim é. Existem “Aqueles Pais”, que estão convencidos que os seus filhos vão ser mesmo uns Jogadores … Vivem com a pretensão, que eles (filhos), serão os futuros “Cristianos Ronaldo”. Enfim !!!
    Pais que meticulosamente, protegem a “Carreira dos Filhos” … Meu Deus, quanta ingenuidade!!!! …
    … Deixem as CRIANÇAS serem FELIZES. Jogar Futebol é o que mais Amam.
    Deixem que “Eles” saibam aceitar as Derrotas e as Vitórias … Que saibam respeitar-se uns aos outros, que saibam o verdadeiro significado de EQUIPA e que acima de tudo, sejam UNIDOS.
    Que gozem e vibrem com as Vitórias, mas que se Unam nas Derrotas e principalmente, não se critiquem … O que hoje acontece a uns, amanhã pode acontecer a outros.

    … E já agora, para esses “Pais”, que dizem gostar tanto das Equipas, que os seus filhos pertencem ou pertenceram, pensem primeiro antes de DESPREZAREM e IGNORAREM alguns dos elementos dessas mesmas Equipas … Nunca se esqueçam que existem épocas boas e bonitas, mas também vai haver Épocas menos boas e ai sim, tudo pode ser diferente e pode virar-se o Feitiço contra o Feiticeiro !

    Aqueles que dizem “O meu filho entra no Clube ( x ) de Chancas”… Tanta presunção não fica bem e depois pode vir a desilusão !!!

    Mais uma vez, PARABÉNS Susana, pela tua postura ... Continua sempre assim, Amiga.

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